Mas vamos lá: novesfora a moqueca capixaba, que mais nos faz lembrar da existência do Espírito Santo enquanto Estado atuante e contribuinte para o desenvolvimento desse grande caldeirão de culturas que é o Brasil? Tá, tem o Roberto Carlos, o lateral dublê de tartaruga ninja o cantor. Mas, para um brasileiro comum, lembrar que o Rei nasceu no Espírito Santo é tão provável quanto perder uma perna atravessando uma ferrovia bem na hora da passagem tão silenciosa de um trem, né?
Então. Se você não é um morador, já se deu conta de que, em tempos de Marina Silva e sua retórica evangeliquecológica, tem referências mais relevantes do Acre do que do Espírito Santo. É por isso que esse convite nos deixou muito curiosinhos:
"Os estudos do Prof. Francisco Aurelio Ribeiro – Modernidade das letras capixabas – deram início a uma série de retomadas historiográficas concretas, no que diz respeito à literatura contemporânea produzida no Espírito Santo.
"Naquela ocasião trinta e oito estudiosos apresentaram trabalhos. Se na reedição subseqüente do evento, em 2006, o número de trabalhos apresentados se manteve estável, em 2008 já saltou para 52, crescendo agora em 2010 para mais de 70 (...)"
Você pensa: "Pronto. Quantos macunaímas, quantas vidas secas, quantos sagaranas, quantos quincas borbas; afinal, quantos doces venenos do escorpião, quantas horas da estrela terei eu perdido por pura ignorância?"
Daí você se lembra que publicar é a única lei do Faroeste Acadêmico, e o mundo começa a fazer sentido novamente: um mundo no qual nós publicamos, a qualquer custo, quaisquer dez páginas sobre qualquer assunto obscuro que nos possibilite organizar um seminário específico e angariar um incremento em nossos vencimentos mensais.
Refeito este universo inóspito de glamour, bolsas, louis vitton, e muita citação recuada a quatro centímetros, o Mundo tal como o conhecemos, o nosso, pode continuar existindo em paz. Um mundo no qual, sobretudo, o Espírito Santo non ecziste. Amém.
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