terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mitos e lendas brasileiros II - The Holy Spirit case



A gente fala que Rondônia não existe, que Macapá é só uma rima pobre pra Amapá e que blablablá Whiskas Roraima, que todos esses Estados são mentiras contadas por porcos capitalistas na tentativa de refundar as bases do imaginário nacional e iniciar a substituição dos valores da família brasileira pelo discurso vinculado à liquefação das coisas deste mundo em que vivemos hoje em dia.

Mas vamos lá: novesfora a moqueca capixaba, que mais nos faz lembrar da existência do Espírito Santo enquanto Estado atuante e contribuinte para o desenvolvimento desse grande caldeirão de culturas que é o Brasil? Tá, tem o Roberto Carlos, o lateral dublê de tartaruga ninja o cantor. Mas, para um brasileiro comum, lembrar que o Rei nasceu no Espírito Santo é tão provável quanto perder uma perna atravessando uma ferrovia bem na hora da passagem tão silenciosa de um trem, né?

Então. Se você não é um morador, já se deu conta de que, em tempos de Marina Silva e sua retórica evangeliquecológica, tem referências mais relevantes do Acre do que do Espírito Santo. É por isso que esse convite nos deixou muito curiosinhos:

"Os estudos do Prof. Francisco Aurelio Ribeiro – Modernidade das letras capixabas – deram início a uma série de retomadas historiográficas concretas, no que diz respeito à literatura contemporânea produzida no Espírito Santo.
"Naquela ocasião trinta e oito estudiosos apresentaram trabalhos. Se na reedição subseqüente do evento, em 2006, o número de trabalhos apresentados se manteve estável, em 2008 já saltou para 52, crescendo agora em 2010 para mais de 70 (...)"

Você pensa: "Pronto. Quantos macunaímas, quantas vidas secas, quantos sagaranas, quantos quincas borbas; afinal, quantos doces venenos do escorpião, quantas horas da estrela terei eu perdido por pura ignorância?"

Daí você se lembra que publicar é a única lei do Faroeste Acadêmico, e o mundo começa a fazer sentido novamente: um mundo no qual nós publicamos, a qualquer custo, quaisquer dez páginas sobre qualquer assunto obscuro que nos possibilite organizar um seminário específico e angariar um incremento em nossos vencimentos mensais.

Refeito este universo inóspito de glamour, bolsas, louis vitton, e muita citação recuada a quatro centímetros, o Mundo tal como o conhecemos, o nosso, pode continuar existindo em paz. Um mundo no qual, sobretudo, o Espírito Santo non ecziste. Amém.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Antes tarde do que nunca, ou seria o contrário?


Uma vez, o Jovem Takashi disse que este blog não requer muito esforço para ser feito, pois as notícias vem até nós. Não que sejamos uma espécie de imã de grandes oportunidades, mas tenho de convir que as danadinhas nos perseguem nos e-mail, sites, jornais, revistas e boatos. Sim, boatos! Este post é uma prova disso. Falaram comigo que haveria um Encontro Regional de Bibliotecárias da Bahia e do Sergipe e achei que era lenda. Mas olha que eu sou curioso, principalmente quando uma realização deste porte se faz possível diante de nossos olhos. Porém, cheguei tarde... o Congresso aconteceu em março e não pude participar dos festejos em prol da arrumação de estantes e colação de etiquetas. Isso me lembra de uma maldosa conhecida nossa, que certa vez perguntou por que para dobrar e guardar calças na Taco não precisava de diploma e para arrumar livros na estante precisava. Nada que deprecie a profissão de dobrar calças, mas temos de levar em conta a juventude da palestrante. Apesar da tristeza, a nossa sorte é que este foi o I (primeiro) Encontro, logo outros virão e poderemos prestigiar mais de perto o ensejo. Portanto anote aí na sua agenda, acadêmica ou não, entre uma audição do cd novo do Jorge Vercilo e aquela aula de artesanato com chapinhas, que em março de 2011 deve vir o II, maior e mais afamado. Então arrume as malas, os bibliocantos e os marcadores que em 2011 não nos veremos por lá.

Ah, nas letras miúdas, fica uma sugestão como esquenta.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Shakespeare: faça você mesmo

Como todo mundo sabe, nossa palavra favorita no mundo das palavras favoritas é releitura. Veja só o que você é capaz de fazer com ela:

Sinopse do espetáculo "Bansky Bang", no Guia da Folha Online:

"Dirigido por Ricardo Gali e pela bailarina e atriz Nathalia Catharina, o espetáculo 'Banksy Bang', da cia. Perversos Polimorfos, em cartaz no subsolo do Sesc Pinheiros, é inspirado nos grafites do inglês Banksy, na estética punk e no terrorismo poético de Hakim Bay, a partir da dramaturgia de 'Hamletmaschine', do alemão Heiner Müller.

"No espaço alternativo, os personagens Hamlet, Ofélia e Horácio encenam sob uma iluminação que busca reproduzir o espaço da rua, com trilha de Dan Nakagawa."

Chamada da Sessão da Tarde Proibidão:

"Hamlet, Ofélia e Horácio são amigos inseparáveis, mas vão enfrentar a maior barra para conseguir organizar um ménage a quatre* na companhia de Bansky, esse simpático cãozinho que vive aprontando as maiores confusões pelas ruas iluminadas e grafitadas de Nova Iorque... BANSKY BANG - fodido pra cachorro, com Dan Nakagawa, Heiner Müller e Nathalia Catharina!"

Escolha sua opção, curta as dicas e bom programa!

*como dizia meu avô, "vai por mim, ménage é a trois. Depois disso é uma putaria do caralho." Meu vô, sempre um retrógrado...

Da série: "Não posso deixar de não ouvir/ir/participar..."



Você já ouviu falar dos Novos Paulistas? Se a resposta for não, considere-se uma pessoa de sorte. Recentemente fui atropelado por uma avalanche de apresentações destes nobres músicos. Coisa fina viu: fina flor do nada a dizer somado ao dinheiro do papai (ou seria da vovó?). Logo após os primeiros acordes do mini-show do Tiago Petit e um show inteiro (leiam INTEIRO) da Tulipa Diniz -Ruiz, pensei em postar neste blog. Daí re-pensei: "Tão matando por qualquer preconceito neste mundo de meu Deus!" Resolvi postergar... Porém, o teatro Rival resolveu fazer um novo evento ou uma série de eventos, programas para o ano inteiro, e aí não pude deixar de indicar a todos esta aventura antropológica pós-neo-contemporânea .

Então amigo, se você se considera um cara INN ( inntojado, innsuportável, inndigesto, innmensuravelmente pseudo) colabore com os cofres dos pobres paulistas não só nesta oportunidade, mas divulgando entre aquelas pessoas que você tanto adora, tipo o Dunga, o Galvão, o Serra, o Bush, o Belo, a vizinha dos sete filhos do apartamento de cima, o pedreiro que martela as sete na casa do lado,etc.

E se alguém disser que é efêmera, com uma cara de sono, o corpo da Preta Gil e a voz da Gal Costa anos 70 modulada, ou se você encontrar um magrelo, despenteado, dançando igual ao Arnaldo Antunes e perceber que não se trata do Ivan (jovem contribuinte desta bagaça), FUJA ou TEJE PRESO!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sexta-feira 13 é coisa do passado

Antes de o mês de Agosto chegar, a gente nunca se lembra muito bem por que é que ele é conhecido como um mês de azar. Mas, desgraçadamente o oitavo mês sempre chega pra matar a cobra e mostrar o pau pra geral. Nada de Lua entrando na casa cinco Touro alinhando no Sol e chuva de meteoros, que isso pra mim é Cavaleiros do Zodíaco: Agosto é o mês do Criança Esperança. Quer prova maior?

E tome-lhe todos os programas da Globo divulgando os telefones, o Jornal Nacional fazendo reportagem sobre o ensaio geral do show porque, como se sabe, nada de MAIS IMPORTANTE ACONTECE NO BRASIL E NO MUNDO.

Então, direto da página desse invento de massas palpitante, olha só o que nos espera:

"Falta pouco para o grande dia. A contagem regressiva já começou para o show do Criança Esperança, sábado, dia 14 de agosto. O palco da festa será novamente o Rio Arena, no Rio de Janeiro, onde os ensaios já estão a todo o vapor. Depois da novela Passione, a música do Criança Esperança começará a tocar dando início a horas de magia e solidariedade."

A última vez que passei horas presenciando magia e solidariedade foi vendo Harry Potter e seus amigos tentando ganhar uma partida de xadrez. Pois é.

Nós não vamos nem falar na lista dos convidados, nas canções do Ivan Lins, na música de abertura cantada por Chitãozinho e Xororó, nos shows de balé infantil, nos corais de crianças cantoras de Petrópolis, do Vidigal e da Puta Que Os Pariu do Norte.

Mas, com tudo isto em mente, só digo um negócio:



Jason, hoje não tem nada pra te ajudar, meu velho. Mas ó, volta amanhã, que a gente bem tem um trabalhinho firmeza pra você, cara! Abraço!